
Minha ligação com a assassina é inevitável. O crime é cometido contra mim mesma, mas não consigo me prevenir. A assassina é calorosa, com uma lábia incrível. Ela sussurra as palavras, como uma dor maravilhosa. O sussurro gelado em minha mente acaba me controlando. Suas palavras são incrivelmente dóceis, suaves, amigas. Flutuam sobre mim na forma de sombras pretas que me contornam o pescoço. Sua risada é fatal. Antes amiga, agora mortal. Seus lábios sussurram freneticamente para mim, dizendo coisas que quero ouvir. E quando menos espero, as sombras me fecham a garganta. Impedem a respiração. De repente sinto minha pele doer. Chuva. Sorrio, pensando que a chuva me ajudaria. Mas não, ela, na verdade, me machuca, me dói. Corta aos poucos minha pele, deixando-a totalmente coberta pelo sagrado vermelho. É nesse momento que sinto o último arrepio subindo pela espinha, alivio a dor com um suspiro e não me aguento nem mesmo sentada. Deito no chão, eu posição fetal. Sinto meus olhos arderem e sei que estou chorando. Aquela assassina. Quem seria? Inspiro fundo, tentando controlar minha respiração acelerada. Eu sabia, só não queria acreditar nela. Naquilo. A verdade era que a Tristeza me matara, ela era a assassina. E naquele momento minha alma se encaminhava para virar escrava das doces e flutuantes palavras. Minha alma virava uma sombra. Uma mortal e dolorosa sombra.