quinta-feira, 28 de outubro de 2010


Minha ligação com a assassina é inevitável. O crime é cometido contra mim mesma, mas não consigo me prevenir. A assassina é calorosa, com uma lábia incrível. Ela sussurra as palavras, como uma dor maravilhosa. O sussurro gelado em minha mente acaba me controlando. Suas palavras são incrivelmente dóceis, suaves, amigas. Flutuam sobre mim na forma de sombras pretas que me contornam o pescoço. Sua risada é fatal. Antes amiga, agora mortal. Seus lábios sussurram freneticamente para mim, dizendo coisas que quero ouvir. E quando menos espero, as sombras me fecham a garganta. Impedem a respiração. De repente sinto minha pele doer. Chuva. Sorrio, pensando que a chuva me ajudaria. Mas não, ela, na verdade, me machuca, me dói. Corta aos poucos minha pele, deixando-a totalmente coberta pelo sagrado vermelho. É nesse momento que sinto o último arrepio subindo pela espinha, alivio a dor com um suspiro e não me aguento nem mesmo sentada. Deito no chão, eu posição fetal. Sinto meus olhos arderem e sei que estou chorando. Aquela assassina. Quem seria? Inspiro fundo, tentando controlar minha respiração acelerada. Eu sabia, só não queria acreditar nela. Naquilo. A verdade era que a Tristeza me matara, ela era a assassina. E naquele momento minha alma se encaminhava para virar escrava das doces e flutuantes palavras. Minha alma virava uma sombra. Uma mortal e dolorosa sombra.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Geralmente, quando me livro de problemas, fico feliz. Hoje não. Tudo quieto demais, parado demais. Silencioso demais. O arrepio da solidão me subiu pela espinha, fazendo-me tremer. Então, pensei que escrever sempre ajudava. Mas não deu certo. Palavras. No que elas vão realmente me ajudar? A tirar um peso inútil que irá voltar logo? Eu não sei porque estou assim, mas estou com medo. Não sei do que. Eu gostaria de me aquecer com algo que não fosse um cobertor. Eu queria estar coberta do calor amoroso, algo que não sinto há algum tempo. Eu queria os braços da antiga pessoa que me abarcava neles e me deixava chorar. Depois me levava para tomar sorvete. Não entendo porque essa pessoa mudou. De uma hora para outra. Eu queria poder infrentá-la, brigar com ela. Mas é essa pessoa quem manda em mim, como posso? As palavras não estão ajudando mais. Elas estão caindo em cima de mim com a força brutal da realidade. Antes eu sorria e brincava. Eu ria e fazia gracinhas. Era a mesma ridícula lesada. Essa mesma que hoje é trocada, humilhada, jogada, usada e maltratada. Antes as palavras me bloqueavam, me faziam sentir apenas a MINHA realidade. Eu sou tola. Burra. Hoje reconheço isso. Obrigada por me chamar de inútil pelas costas. Nada tem sentido, mas, se nem eu tenho, qual o problema? Tchau, cansei, palavras realmente me fazem mal.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Hoje...


Eu acho que estou mais feliz. O ar está mais respirável. Me sinto mais livre. O vento frio batendo em meu rosto após a leitura de meu livro predileto me acalma. Tenho me sentido assim desde que Brasília começou a realmente fazer sentido. Hoje tudo está marrom, verde e cinza. Cores naturalmente agradáveis e que sonho poder ver todos os dias. O horário de verão tem me feito bem, por menos que eu queira. O sol encoberto pelas nuvens amigas me faz sorrir. Acho que tive uma visão errada de onde vivo hoje. Aqui poderia ter sido um lugar perfeito desde o começo... Se não tivessem existido tantos obstáculos e idiotices minhas no começo tudo seria bem mais simples. Eu teria sido tão feliz quanto estou agora. Mas não adianta chorar pelo passado. Tenho que ver o presente e planejar o futuro. É o que vou fazer daqui para frente. Estou me dando bem. Realmente bem. Na escola e em minha verdadeira vida. Eu aprendi a não ligar para os outros. Eu aprendi, acima de tudo, que eu sou um ser humano. Alguém que é normal. Porque o normal é ser anormal, então, creio que me encaixo nesse padrão. Estou meio perdida entre palavras aqui. São tantas que querem sair de mim e pular para um belo texto... Parece que hoje tenho muito mais a sentir, provar. Provar de minha nova vida, uma verdadeira e divertida vida. Sem preocupações fúteis como antes me ensinaram que era a cidade em que vivo. Hoje eu vou me divertir. Hoje eu vou sonhar. Hoje eu vou aproveitar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aqui jazem todas as lembranças ruins que guardei.


Aqui deixo minhas memórias como um epitáfio entalhado num túmulo, porque vou me livrar delas com um último suspiro, a última lembrança terrível, o último flashback em minha cabeça. Eu quero me sentir livre novamente, parar com minhas depressões momentâneas, escolher em quem acreditar, assumir ser decadente, mostrar o que quero. Naquele momento na sala, em que a curiosa professora de história pôs o tango para tocar e perguntou se alguém queria dançar eu queria ter me levantado, queria tomar alguém nos braços e dançar. Mas eu não fiz. Porque todo o meu passado, todas as lembranças ruins não deixam. Me prendem de tal maneira que não consigo me soltar. São como correntes. Eu quero deixar tudo isso aqui. Por isso esse título. Por isso eu digo: Eu esqueci de tudo. Agora, com esse último suspiro, declaro que minha vida pode ser melhor do que foi até agora. Prometo que vou me aventurar, prometo que vou deixar todas as minhas palavras e opiniões bem claras para todos e juro que vou tentar achar palavras que se encaixem no que sinto. Já suspirei, não evitei. Me sinto mais leve, como se estivesse cumprindo todas as minhas promessas, como se não precisasse de mais nada para viver, como se minha vida fosse apenas uma vida e como se eu pudesse ter outras, como se fazer besteiras fosse normal, como se um tapa no rosto não importasse, como se eu pudesse mudar tudo, como se a minha vida tivesse uma superioridade além do português e da matemática. Eu sinto que tem. Minha vida vai além. Ela vai até a felicidade.